quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Tristeza é quando chove
quando está calor demais
quando o corpo dói
e os olhos pesam
tristeza é quando se dorme pouco
quando a voz sai fraca
quando as palavras cessam
e o corpo desobedece
tristeza é quando não se acha graça
quando não se sente fome
quando qualquer bobagem
nos faz chorar
tristeza é quando parece
que não vai acabar.

(Martha Medeiros)

domingo, 22 de novembro de 2009

cada vida um sonho;

"O ser humano não morre quando seu coração deixa de pulsar, mas quando de alguma forma deixa de se sentir importante"
(Augusto Cury)

Segundo a ciência, a vida começa no momento da concepção e se encerra quando não há mais batimentos cardíacos, porém para a alma, para o espírito, não é assim.
Quando estamos no útero materno todos os cuidados são voltados para nós. Nascemos e somos donos dos olhares em todo lugar. Conforme crescemos e nos desenvolvemos recebemos diferentes tipos de atenção a quase todo momento.
Os anos passam e é nossa vez de desenvolver o papel de dar atenção, seja ela aos filhos, aos familiares, aos amigos ou trabalho, e mesmo dando atenção, continuamos a ser importantes, pois estamos fornecendo-a e ajudando de algum modo alguém. Mas como acontece com nossos pais e pessoas ao redor, acontece conosco também.
Temos família, carreira, amigos e estamos sempre ativos, até que chega um momento em que os filhos se tornam independentes, não somos mais tão ágeis no que fazíamos ou temos que nos aposentar, e os amigos ficam para trás, cada um segue sua vida. É desse momento em diante que começamos a pensar em porque existimos.
O coração está batendo, a saúde está boa, já fizemos tudo o que tínhamos que fazer, mas ninguém vive só pra si e por si, durante uma vida toda fomos importantes pra alguém, seja dando ou recebendo, e agora parece que não participamos mais desse ciclo.
Começamos a procurar formas de voltar a como era antes, tentamos e quase nunca conseguimos. Procuramos ajuda médica, mas ainda não inventaram remédio para a alma. É a partir desse ponto que morremos. Não a morte científica, mas a espiritual.
O ser humano precisa de razões e incentivos para querer levantar da cama todo dia e seguir determinada rotina, uma pessoa sem razão para fazer aquilo que faz, não vive bem. E pra isso inventaram um remédio impossível de comprar: o sonho.
Ter metas, por mais fúteis que sejam, ter objetivos a cumprir, é isso que nos mantêm espiritualmente vivos. Perceba que toda atenção e importância que um ser humano tem ou dá para alguém, gira em torno de seus sonhos.
Nossos pais tiveram um sonho quando nos conceberam, traçaram objetivos e metas para nós, crescemos para alcançar esse objetivo, e conforme crescemos, traçamos novos sonhos e metas para alcançarmos, para sermos tipos de reflexo do que foram nossos pais, criamos um ciclo onde o principal para estar nele é sonhar.
Um ser humano que se sente sem razão para levantar é porque não tem uma meta para alcançar, porque falta esse principal incentivo. Nossas almas são feitas de sonhos, necessitamos deles para sobreviver, para nos sentirmos importantes, fomos incentivados assim desde sempre. A importância de uma pessoa pode ser medida pelo tamanho de seus sonhos. São eles o essencial para estarmos vivos não só de corpo, mas de alma.

"dream, dream, dream, dream, dream, dream, dream, when I want you, in my arms, when I want you, and all your charms, whenever I want you all I have to do, is dream..."

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Unframed.

Abriu os olhos.
Sentiu cada agulhada de luz que penetrava.
Acordou.
Levantou e começou a vestir a roupa.
Na verdade, a máscara. A máscara que vestia diariamente.
Saia para o café, fazendo tudo como fazia todos os dias.
Até quando mais iria suportar essas ondas gigantes em si?
A cada amanhecer ficava mais e mais difícil de saber o que estava sentindo, saber o que estava acontecendo.
Almoçava e por mais que comesse, ainda sentia aquela gelatina mole e sem sabor que insistia em se instalar no seu estômago.
Por mais que tentasse, não conseguia distinguir, descrever, desenhar, seja lá o que for, seus sentimentos.
Eles eram extremamente intensos e confusos.
Moldava, brincava, pintava, bordava, olhava.
Tentava olhar de todos os ângulos.
Não lhe agradava, não era daquele jeito ainda.
Desfazia tudo.
Simples como amassar e jogar fora.
Descansava nas tardes cinzentas tentando achar alguma distração que levassem seus pensamentos para bem longe.
Não importa o quão longe, tinha que ser o bastante para não voltarem mais.
Ou voltarem, mas só quando estivessem organizados o suficiente.
Ainda não tinha vontade de colocá-los em ordem, estava tudo complicado, nem ela entendia.
Passavam-se alguns minutos e começava a tentar de novo.
Ia ficando mais difícil, sempre tinha um obstáculo a mais, um carinho a mais, uma pessoa a mais, uma demonstração a mais, uma indecisão a mais. Como se fosse um jogo, a cada pergunta respondida surgiam mais três.
Mas ela balançava o pescoço relaxando os ombros, e junto com o jantar disfarçado, tentava enganar seus pensamentos e sentimentos, tentava fugir deles, eram tantos, e ficavam cada vez mais dificeis de organizar.
As pessoas comentavam como ela era forte.
Ela sorria.
Dissimulava.
Era. Muito. As vezes demais, e as vezes era até dura demais consigo. Porém, apesar de ser tão fortaleza, tão inteligente como as pessoas diziam, se embaralhava com sua própria mente.
Antes de dormir olhava no espelho, enxergava a si mesma, mas não sabia dizer direito quem era e o que queria.
Deitava a cabeça no travesseiro, relaxava, se sentia mais mulher do que nunca.
Ficava imaginando como todas as horas do seu dia poderiam ser desse jeito, calmas, silenciosas, tranquilas, sem ninguém que incomodasse por perto.
Ninguém.
Nem suas próprias idealizações, utopias e realidades.
Como queria não pensar em nada.
Mas só o fato de querer não pensar a fazia pensar.
Era um emaranhado que a induzia a viajar cada vez mais.
E as luzinhas brancas vinham em sua direção.
E seu coração voava.
E seus pensamentos se transformavam.
Sorria.
O sorriso mais sincero de todo o seu dia.
Adormecia.

domingo, 9 de agosto de 2009

Já não tenho mais o que dizer. Confesso que estou enrolando há dias para escrever e descrever o que eu tô sentindo. Porém estou mais enrolada que minha enrolação.
Meu coração pulsa de um jeito que ele nunca se atreveu a pulsar antes, e fica me repetindo coisas que eu nem imaginava que ele ainda se lembrasse de como dizer.
Não é falta de felicidade, pois tenho no presente e a frente, grandes realizações. É excesso dela.
Não há ninguém que consiga descrever o que é, ninguém, nem eu. Uma inquietação constante que mesmo nos mais repetidos movimentos, ainda esta lá.
Enrolando, enrolando, enrolando, enrolando.
Não tem ninguém que goste mais de sentir isso tanto quanto eu.
Expectativa.
Coração pulsando.
Me manterei assim, pois como dizia a grande Clarice, ''liberdade é pouco, o que eu desejo ainda não tem nome.''

terça-feira, 28 de julho de 2009

e nem motivo pra explicar.

Desperto. Insensata, a luz me dói nos olhos: maldigo o dia. Me desfaço do emaranhado de lençóis, levanto. Cambaleante, da cama até a escrivaninha, pego um cigarro. Acendo e lhe digo:

- Bom dia.

Você não diz nada. Sorrio constrangido antes que meus olhos caiam em meus pés. Adentro uma nuvem, um conforto triste me envolve apenas por saber. Mais um dia, só mais um.

Deixo nosso quarto, sem dizer qualquer outra palavra. Minha cabeça dói, sinto uma sede de secar rios. Aprecio a ressaca, ela me faz lembrar de que ainda estou vivo.

Na cozinha, outra cerveja. Outro dissabor. Sento numa cadeira, o copo e a garrafa na mesa e ao meu lado outra cadeira. Vazia. Lembro de quando você ainda se sentava ao meu lado nos almoços de domingo. Contente, ria de tudo e me fazia rir. Sem perceber, ponho-me a relembrar nossos momentos, como éramos antes de acabarmos assim. O dia em que nos conhecemos no Jardim Botânico: você usava um vestido branco estampado com delicadas flores coloridas, os caxinguelês festeiros a subir nas árvores e eu me apaixonando por você à primeira vista. Você fazia publicidade, estava no último semestre. Eu, administração. Nós dois na mesma universidade, como nunca tínhamos nos visto?

Começamos a namorar. Você me ligava todas as noites, mesmo quando não tinha nada para dizer, então riamos juntos feito bobos, crianças apaixonadas pela vida. Crianças. Nos casamos numa tarde de primavera, as árvores floridas da rua lembravam o jardim de nosso primeiro encontro. Você estava deslumbrante num vestido creme e o cabelo ruivo preso com uma tiara cravejada de pedras brilhantes. Uma princesa, a mulher mais linda do mundo. E morando juntos, nossa vida passou a ser maravilhosa, até mesmo quando nos desentendíamos e discutíamos por bobagens.

Contudo, de dois anos pra cá, tem sido assim: você me trata com indiferença e eu bebo cada vez mais e entristeço cada vez mais. Às vezes beiro à loucura quando digo que ainda te amo e você finge que não me escuta. Me dói pensar que você já não me ama, que cometeu o crime de nos deixar esmorecer. Quase te odeio ao pensar no quanto te amo. Lembra de quando planejamos ter uma filha? Já tínhamos até um nome: Sofia. Você dizia que esse nome combinava com meu sobrenome. Por que Sofia ainda não nasceu, passados três anos desde o nosso casamento? Onde foi que erramos?

Me levanto abrupto. Esbarro na mesa, o copo de cerveja cai e os cacos se espalham pelo chão da cozinha. Não importa, é só um copo e em cacos tenho contemplado a vida sem poder reclamar. Corro até o quarto para ver se você ainda está dormindo, mas você já não está mais lá. Ouço o barulho da tevê, vou até a sala e você também não está. Saiu outra vez sem dizer nada, me deixando aqui sozinho a pensar em você. Logo agora que eu precisava tanto lhe dizer, Amo. Mas o amor é assim: quando ele chega, completa todos os buracos da vida, quando acaba, a vida inteira se torna um buraco.

Caminho lentamente até o banheiro. No espelho, um homem de semblante triste, uma barba de dois meses, cabelo despenteado e sem corte, olhos de tanta idade – não, não pode ser eu. Eu tenho apenas vinte e cinco anos, uma vida confortável, uma bela esposa…

Esposa. O mundo pára. Escuto minha própria respiração: cansaço. Meu coração se esforça. Bate, apanha. Dói. Minhas retinas são o vazio, um brilho morto. Vontade de ser ontem. Vontade de acordar nunca ou, ontem, ser sempre. E brincar de roda, ser criança. E ser ventania. E ser luz de sol. E ser, apenas ser: feliz?

Conto um passo. Um segundo, um terceiro. Acabo outra vez na cozinha, onde preparo o almoço com carinho. Ponho seu prato na mesa, depois o meu. Você gosta quando cozinho para você – a maioria dos homens não faz isso.

Tudo pronto, do jeito que você gosta. E você mais uma vez não vem comer. Há quanto tempo não almoça em casa? Deve estar comendo porcarias por aí. Me preocupo tanto. Acabo comendo sozinho, engolindo minha solidão calado. De acompanhamento uma lágrima também solitária, e a cerveja que aos poucos me mata. Sem você, por você, o que eu não faço?

Acabo de comer. Lavo a louça e aos poucos vou voltando ao mundo dos homens. Este nó cego na garganta, este aperto no peito: as paredes do mundo me sufocam. Quero gritar, antes houvesse força. E se gritasse, você escutaria? Ouvi dizer que é primavera e que os dias têm sido lindos – deu na tevê. Eu só vejo chuva. Me molho, me mato. Bebo tempestade. As crianças nascem na primavera e na primavera os velhos também morrem. Onde foi que envelhecemos?

Volto para a sala. Sento no sofá e pego um jornal velho que encontro na mesinha de canto. Tem dois anos, está amarelado. Uma das manchetes diz:

“Jovem publicitária morre em acidente na Via Dutra”.

O telefone toca. Atendo. Não era você.

(Fernando Albuquerque)


Nunca houve, e talvez nunca haja. Foi amor, e muito.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Pulsando.

Esta calma é o tormento.
Este vento: calmaria.
Implícito em meu hábito, seus hábitos, suas manias.
Já me acostumei aos seus horários, seu jeito de ser, estou adaptado ao seu tudo e tiraria de letra caso soubesse em que lugar do mundo você está: o meu lugar.
No entanto, só sei que você existe e te procuro em todos os rostos femininos que avisto.
Invento nomes para você, me imagino em cidades que nunca visitei porque eu sei, só pode ser você.
Eu sinto, te sinto, me sinto ausente.
Conheço o som dos seus passos, são como meus passos, outros passos.
Respiro sua respiração e conto minhas próprias distancias em sua busca.
Me persigo pelas ruas, me preservo, me espero chegar em casa mas é em vão: não me encontro, não sei onde me escondi.
Desconheço este eu sem outro.
Tudo é feito de brancas páginas e sonhos.
Vivo a vida me alimentando do que ainda não vivi.
Transpiro ansiedade e agonia.
Saudade do futuro.
Seu futuro, quando será meu agora?
Como queria poder te mostrar agora o amor que tenho guardado para você, dizer o quanto te amo mesmo sem nunca ter te visto.
Abrir para você a primeira página de nossa história, um livro, o romance de nossas vidas.
Te encher e me encher de sorrisos.
Porém, o presente ainda é uma distancia silenciosa que desespera e enlouquece e eu não posso fazer nada além de continuar a te procurar.
Sinto, sento, espero reticente o momento em que este presente seja passado e ao teu lado o esqueça.


(Fernando Albuquerque)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

a um encantador vindo das estrelas...


"- Será como a flor. Se tu amas uma flor que se acha numa estrela, é doce, de noite, olhar o céu. Todas as estrelas estão floridas.

(...)

- As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. mas todas essas estrelas se calam. Tu, porém, terás estrelas como ninguém...

- Que queres dizer?

- Quando olhares o céu de noite, porque habitarei uma delas, porque numa delas estarei rindo, então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem rir!

E ele riu mais uma vez.

- E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto... E teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Tu explicarás então: "Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!" E eles te julgarão maluco. Será uma peça que te prego..."

(O Pequeno Príncipe)


Eu pessoalmente acho as estrelas fascinantes. Elas têm brilho próprio e são diferentes uma das outras. Entre mais de 100 bilhões de estrelas, quase todas classificadas, com nome e ainda sim, diferentes. Para uma estrela nascer, pode levar cerca de 1 milhão de anos! E dizem também que quando olhamos o céu, grande parte das estrelas que vemos, já morreram, mas o brilho dela ainda está lá. Elas brilham, e brilham muito!

Existem lendas que dizem que se você fazer um pedido a primeira estrela que você ver no céu, ela realiza o seu desejo: “Primeira estrela que vejo, realize o meu desejo!”.

Ou ainda as lendas que dizem que as estrelas cadentes são anjos vindo ver a Terra, anjos mandados diretamente por Ele. Alguém já te disse: “Quando você ver uma estrela cadente, faça um pedido”? Ahh, eu sempre sonhei com uma chuva de estrelas cadente, já pensou?

Uma estrela cadente, um anjo enviado a Terra. Sempre quis saber que forma esses anjos assumiam quando chegavam aqui, e nunca achei respostas. Há um tempo atrás, eu descobri. Eles se tornam humanos, pessoas normais, como a gente. E tão diferentes ao mesmo tempo. Estão aqui para transformar nossas vidas. Dizem que eles perdem o brilho, mas o brilho interno se mantém.

E eu, que sempre achei estrelas fascinantes, tive a sorte de conhecer uma. Tão brilhante, mas tão brilhante, que chega a ofuscar o brilho da estrela Sirius. Entre um bilhão de estrelas, entre tantas que não estão mais lá, entre tantas que vem a Terra, tive a sorte de conhecer a mais brilhante. Ganhei um anjo. E que anjo. Acredito que seja destino, ou ironia dele. Um anjo, uma estrela, como definir? Prefiro dizer estrela, pois me encanta mais.

Ahh, minha estrela-anjo me deixa encantada. Um poeta. Quando os sentimentos foram criados, houve uma definição para cada um deles, e nós como meros seres humanos, só poderíamos sentir, nunca saberíamos do que realmente é composto, nunca conseguiríamos descrevê-lo tão detalhadamente quanto a fórmula original. E essa estrela sabe como transformar tudo em palavras, nos mínimos detalhes, tem o dom para fazer você ficar fascinado com tudo.

A estrela que eu conheci veio para alegrar meus dias, me fazer sorrir. Sempre adorei tentar rabiscar o destino com lápis colorido, fazer dobradura na folha e guardar embaixo do travesseiro. Mas ela vem, me faz rabiscar mais ainda, fazer desenhos multicoloridos, e depois ela lê, e diz que é lindo demais para ficar guardado.

Não preciso saber de qual constelação ela veio. Fico imaginando se quando se deixou encontrar, se já tinha um manual de instruções de como lidar comigo, porque como pode alguém saber tanto assim em tão pouco tempo?

Dizer que eu posso ser feliz, que eu posso imaginar, viajar nos pensamentos, pintar de todas as cores, modelar, e voltar pro mesmo lugar que ele ainda vai estar lá, me ouvindo, e achando graça em tudo, dizendo que estou na altura certa do céu.

Ela se achava maluca por rasgar o verbo em muitas coisas, mas descobriu que pra mim, loucura é não fazer isso. Entre tantas paixões em comum, entre tantos romances e últimos românticos, tantas poesias, tantas músicas, posso generalizar e dizer que temos os mesmos. E tudo isso vem com melodia, com a melhor das melodias, mas ela não precisa ser cantada, nem ser ouvida, a gente simplesmente sabe que está lá.

O meu anjo me diz que sempre carrega um livro no bolso, por maior e mais pesado que seja o livro, ele carrega - são nos livros mais pesados que estão as melhores palavras em harmonia - e meu anjo me disse que eu sou o livro que ele carrega no bolso. Ele escreveu palavras sobre mim que nem no meu mais intimo eu as acharia, me encantou, me fascinou. Por isso sei que ele é uma estrela-anjo, porque só as estrelas me deixam assim. E pra ele, eu sou a flor, a Flornanda.

Porém, como todas as estrelas, como todos os anjos, e como todo mundo, um dia ele vai voltar pro lugar dele no céu, de onde ele veio e aterrisou na minha vida – eu realmente não acredito que sejamos dignos o suficiente para ter um anjo vivendo entre nós. E eu vou olhar o céu, ver as estrelas, e lembrar do meu anjo. E vou vê-lo. Não sei se todo mundo pode, mas eu posso, eu sei que posso. A estrela mais brilhante. E ela vai olhar pra mim de lá e emitir as músicas que fizeram parte dessa trilha sonora toda. E eu estarei com essas músicas em pensamento. Mas eu sou o livro que ele carrega no bolso, sou a flor, e todas as flores se acham em estrelas quando não estão mais aqui. Eu já tenho uma estrela.

Quando as pessoas olharem para um céu estrelado, se prestarem atenção, poderão ouvir uma trilha sonora murmurada. E será a canção mais bela que irão conhecer. Se apaixonarão pelas estrelas, e pedirão para as estrelas cadentes virem, pedirão para ganharem anjos.

Mas a estrela mais brilhante, ainda será a que eu estarei habitando.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

minha escolha.

Pensando bem... 
Ser Médico Veterinário não é só cuidar de animais, é, sobretudo amá-los, não ficando somente nos padrões éticos de uma ciência médica. 
Ser Médico Veterinário é acreditar na imortalidade da natureza e querer preservá-la sempre mais bela. Ser Médico Veterinário é ouvir miados, mujidos, balidos, relinchos e latidos, mas principalmente entendê-los e amenizá-los, é gostar da terra molhada, do mato fechado, de luas e chuvas. 
Ser Médico Veterinário é não importar se os animais pensam, mas sim se sofrem, é dedicar parte do seu ser à arte de salvar vidas. 
Ser Médico Veterinário é aproximar-se de instintos, é perder medos, é ganhar amigos de pêlos e penas, que jamais irão decepcioná-lo. 
Ser Médico Veterinário é ter ódio de gaiolas, jaulas e correntes, é perder um tempo enorme acompanhando rebanhos e vôos de gaivotas, é pernamecer descobrindo através dos animais, a si mesmo. Ser Médico Veterinário é ser o único capaz de entender rabos abanando, arranhões carinhosos e mordidas de afeto, é sentir cheiro de pêlo molhado, cheiro de almofada com essência de gato, cheiro de baias, de curral, de esterco. 
Ser Médico Veterinário é ter coragem de penetrar num mundo diferente e ser igual, é ter capacidade de compreender gratidões mudas, mas sem dúvida alguma, as únicas verdadeiras, é adivinhar olhares, é lembrar do seu tempo de criança, é querer levar para casa todos os cães vadios sem dono. 
Ser Médico Veterinário é conviver lado a lado com ensinamentos profundos sobre amor e vida.

"Todos nós podemos nos formar em Veterinária, mas nem todos seremos Médicos Veterinários."

terça-feira, 26 de maio de 2009

Anjo de quatro patas

"Ele estava inconsciente sobre uma maca no chão, tomando soro pela pata. Ajoelhei-me e passei os dedos por seu pêlo, do jeito que ele gostava. Passei a mão pelas suas costas. Ergui cada uma de suas orelhas doidinhas que haviam causado tantos problemas todos aqueles anos e que nos haviam custado o resgate de um rei - e senti seu peso sobre meus dedos. Abri seus lábios e observei seus dentes gastos. Peguei uma das patas dianteiras e a comprimi em minha mão. Então, encostei minha testa na dele e fiquei ali sentado por algum tempo, como se eu pudesse telegrafar uma mensagem através de nossos crânios, da minha mente para a dele. Queria que ele soubesse de algumas coisas.

- Sabe todas aquelas coisas que sempre falamos sobre você? - sussurrei. - Que você era um saco? Não acredite nisso. Não credite nem por um minuto, Marley.

Ele precisava saber disso e algo mais também. Havia algo que eu nunca lhe dissera, que nunca ninguém lhe disse. Queria que ele ouvisse antes de morrer.

- Marley - eu disse - você é o melhor cão do mundo."

(Marley e eu - John Grogan)


(...)

sábado, 23 de maio de 2009

"Eu sei o que eu quero, pois está nas minhas mãos agora."

"O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama. 

Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado. 

Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se. 

A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também? 

Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois. 

Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho". 

Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato." 

Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta. 

Agora sente-se e escute:
eu te amo não diz tudo!"

(Martha Medeiros)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces, porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto."
(Vinícius de Moares)


Deixarei que morra em mim esse desejo, não só porque nada posso te dar além do meu olhar exausto, mas porque o meu cansaço faria meu amor por você morrer aos poucos, e isso seria pior do que a perda de um ente querido. Quero que você se lembre de todo o meu amor dado, da minha compreensão, do meu carinho, da minha dedicação, e espero que um dia você aprenda a retribuir, em qualquer tipo de detalhe, seja ele mínimo ou não, porque teria feito grande parte da diferença. Entenda que ninguém consegue fazer tanto por alguém e não receber nenhum afago em troca, nenhum amor suporta isso, é desgastante para qualquer coração. Portanto, quero que esse seja o fim, para congelarmos enquanto está tudo bem e levar assim para sempre. 

sexta-feira, 8 de maio de 2009

"If the world isn't turning 
Your heart won't return anyone, anything, anyhow 

So take me 
Don't leave me 
Take me 
Don't leave me 
Baby 
Love will come through 
It's just waiting for you "

Don't matter what I say.

- um ps: vermelho significa paixão.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Eu fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: nem ele me persegue, nem eu fujo dele.
Um dia a gente se encontra...
(Mário Lago)

terça-feira, 28 de abril de 2009

Strip-Tease


"Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.

Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares.
'Quero que você me escute, simplesmente.''
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara:
'Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto'.

Então ela desfez-se da arrogância:
'Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história.'

Era o pudor sendo desabotoado:
'Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou'.

Retirava o medo:
'Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei'.

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua: 
'Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui'.

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca."

Martha Medeiros

segunda-feira, 27 de abril de 2009

"... E rogou a Deus que lhe concedesse ao menos um instante para que ele não partisse sem saber quanto o amara por cima das dúvidas de ambos e sentiu a premência irresistível de começar a vida com ele outra vez desde o começo para que se dissessem tudo o que tinha ficado sem dizer, e fizessem bem qualquer coisa que tivesse feito mal no passado. Mas teve que render-se à intransigência da morte.
- Só Deus sabe o quanto amei você."

(O amor nos tempos do cólera)

domingo, 26 de abril de 2009


" - Eu não preciso falar dela nem olhar fotos... pois, muitas vezes, eu a vejo... na rua. Eu ando pela rua e a vejo no rosto de alguém... com mais nitidez que nas fotos que vocês carregam. Eu entendo a sua dor... mas vocês têm um ao outro. Têm um ao outro... e eu é quem fico vendo as meninas e ela, o tempo todo... em todos os lugares. Eu vejo até a cadela. Eu ainda estou traumatizado assim. Olho um pastor alemão e vejo a nossa poodle!"

(Reign over me)

(...)
E o trauma, quem cura?
(...)
O rosto dele me lembra alguém.  Quem? Não sei.
A dor que ele sentia e ninguém acreditava que poderia durar tanto tempo, o trauma poderia durar tanto tempo, todo aquele sofrimento, aquela alegria triste tanto tempo. Também me lembra alguém, uma dor, um passado. Mas, isso não é o caso. Sofrimento passa. O meu passou. Passado, lembra?
(...)

sábado, 25 de abril de 2009



Primeiro as cores
.
Depois os humanos
.
Em geral, é assim que vejo as coisas
.
Ou pelo menos, é o que tento.


"As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações a cada momento que passa.
Uma só hora pode constituir em milhares de cores diferentes — amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens.
Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los."
(A menina que roubava livros)


Quero que o meu céu esteja roxo. Roxo brilhante. Não lilás xoxo que as pessoas chamam de roxo. Quero cor forte, fortaleza, beleza. Quero que o céu esteja aberto em um dia de frio intenso. Que se for para sair o sol, quero um sol ameno e aquecedor. Mas sempre tudo frio. Frio e roxo.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Como as borboletas...


















"O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo, indo embora. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga idéia de paraíso que nos persegue, bonita e breve, como as borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não dói."





E de que tipo amor falávamos mesmo?
(Aliás, o que É o amor?)

quarta-feira, 25 de março de 2009

o tempo... o tempo não ajuda, o tempo machuca.

Nós dois temos linhas de pensamentos, gostos, idéias e ideais parecidíssimos, por fim temos tudo o que duas pessoas precisariam para viver o resto da vida juntos em perfeita união e harmonia, mas a gente ainda cai naquela velha história de não saber lidar com isso, de não saber o que fazer. Talvez seja por isso que estejamos assim hoje, não como pretendemos, não como queríamos, mas como precisamos. Foi dada a cada um a chance de aprender a valorizar o outro, a respeitar, a amar. A chance de realmente entender o significado de uma alma em dois corpos. Pode parecer ironia do destino fazer isso com a gente, mas é esse mesmo destino irônico que vai nos unir mais pra frente. Não posso dizer quanto tempo isso vai levar, às vezes se dá em questão de meses, outra em questão de anos, mas uma coisa é certa, todo esse tempo separados é para aprender. Quando um dia estivermos compartilhando nossas experiências novamente, vamos olhar pra trás e ver o quando crescemos nesse tempo, o quanto tudo o que passamos foi importante, e vamos rir daquele tal de destino, que fez tudo parecer bagunçado e de pernas pro ar. Se bem que não é o destino que nos deixou tão atordoados, isso tem outro nome, na verdade, é um sentimento tão nobre que poucas pessoas ousam ter. Um sentimento indefinido, que esse tempo todo longe não se atreveu a sair daqui, chega a dar medo de nomeá-lo por ser tão intenso, por continuar sendo tão intenso. Quando eu estiver nesse tempo tão esperado que está por vir, quero olhar pra trás, junto com você, e lembrar de tudo o que eu disse, tudo o que dissemos, palavras que nem sempre foram sensatas ou tiveram fundamento, que ousamos nomear, rir, chorar, bagunçar, moldar, mas que estão todas guardadas em silêncio num profundo dentro de mim, e as minhas, dentro de você.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

pra quê titulo?! :x

Sinto.
Falta, saudade, ausência.
Sinto muito.
Sinto o silêncio, que sufoca, incomoda, agita.
Me tira o sossego, me traz a lembrança, junto com a agonia.
Cadê tudo?
Queria poder pegar, apalpar e colocar na minha frente, transformar o passado em futuro, e dizer que já não sinto mais falta.
Saudade de um sorriso, um oi, um telefonema, um amigo, um amor.
Sinto tanta coisa incontrolável.
Sou.
Sou saudade, passado e presente.
Brinco com o futuro.
E sinto.
Sinto muito.

e... viver!

"Não preciso que as pessoas me digam como ser feliz, como agir, que me deêm formulas de como ser. Eu mesma crio e modelo a minha felicidade como se fosse uma massinha. Tudo se encaixa e se ajeita desse jeito, sem interferências de ninguém. Existem pessoas que tentam destruir isso, e fazem de tudo o que podem e mais um pouco, mas meu santo é mais forte. Seguir regras me incomoda, não é de mim. O que as pessoas dizem a meu respeito, comentam, é opinião deles, só eu sei como realmente sou. Acredito em contos de fadas e amores eternos, e mesmo assim, vivo com meus pés no chão. Guardo tudo o que eu passo em um baú, desde risos até lágrimas, e de vez em quando gosto de olhar tudo, e ver o quanto cresci. Meus sonhos são meus mais precioso tesouro, não abro mão deles, muito menos os vendo para alguém. Minha fórmula da felicidade é misturar amigos, família, amores, e viver."