quinta-feira, 30 de abril de 2009

Eu fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: nem ele me persegue, nem eu fujo dele.
Um dia a gente se encontra...
(Mário Lago)

terça-feira, 28 de abril de 2009

Strip-Tease


"Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.

Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares.
'Quero que você me escute, simplesmente.''
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara:
'Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto'.

Então ela desfez-se da arrogância:
'Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história.'

Era o pudor sendo desabotoado:
'Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou'.

Retirava o medo:
'Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei'.

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua: 
'Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui'.

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca."

Martha Medeiros

segunda-feira, 27 de abril de 2009

"... E rogou a Deus que lhe concedesse ao menos um instante para que ele não partisse sem saber quanto o amara por cima das dúvidas de ambos e sentiu a premência irresistível de começar a vida com ele outra vez desde o começo para que se dissessem tudo o que tinha ficado sem dizer, e fizessem bem qualquer coisa que tivesse feito mal no passado. Mas teve que render-se à intransigência da morte.
- Só Deus sabe o quanto amei você."

(O amor nos tempos do cólera)

domingo, 26 de abril de 2009


" - Eu não preciso falar dela nem olhar fotos... pois, muitas vezes, eu a vejo... na rua. Eu ando pela rua e a vejo no rosto de alguém... com mais nitidez que nas fotos que vocês carregam. Eu entendo a sua dor... mas vocês têm um ao outro. Têm um ao outro... e eu é quem fico vendo as meninas e ela, o tempo todo... em todos os lugares. Eu vejo até a cadela. Eu ainda estou traumatizado assim. Olho um pastor alemão e vejo a nossa poodle!"

(Reign over me)

(...)
E o trauma, quem cura?
(...)
O rosto dele me lembra alguém.  Quem? Não sei.
A dor que ele sentia e ninguém acreditava que poderia durar tanto tempo, o trauma poderia durar tanto tempo, todo aquele sofrimento, aquela alegria triste tanto tempo. Também me lembra alguém, uma dor, um passado. Mas, isso não é o caso. Sofrimento passa. O meu passou. Passado, lembra?
(...)

sábado, 25 de abril de 2009



Primeiro as cores
.
Depois os humanos
.
Em geral, é assim que vejo as coisas
.
Ou pelo menos, é o que tento.


"As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações a cada momento que passa.
Uma só hora pode constituir em milhares de cores diferentes — amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens.
Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los."
(A menina que roubava livros)


Quero que o meu céu esteja roxo. Roxo brilhante. Não lilás xoxo que as pessoas chamam de roxo. Quero cor forte, fortaleza, beleza. Quero que o céu esteja aberto em um dia de frio intenso. Que se for para sair o sol, quero um sol ameno e aquecedor. Mas sempre tudo frio. Frio e roxo.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Como as borboletas...


















"O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo, indo embora. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga idéia de paraíso que nos persegue, bonita e breve, como as borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não dói."





E de que tipo amor falávamos mesmo?
(Aliás, o que É o amor?)